Opinião/Informação:
Fico profundamente triste. Não tanto por mim, mas pelo povo do Amazonas — em especial do Sul do Estado, como Apuí — que sofre sem ver mudanças reais em suas vidas. A reunião de ontem entre o senador Eduardo Braga com ministra do Lula é mais um capítulo de promessas recicladas que, desde 2003, não mudaram absolutamente nada na realidade fundiária, ambiental ou econômica da região. O anúncio de hoje pelo governador Wilson vai na mesma direção da reunião com o governo federal.
Enquanto Eduardo, Omar Aziz e agora o governador Wilson Lima não romperem o cordão umbilical com os ongueiros da Fundação Amazônia Sustentável (FAS), vindos de fora do Estado, nada vai mudar. Ao contrário: a situação só piora — como estamos vendo em Apuí.
Esses ongueiros, que dizem defender a floresta, ignoram completamente o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) do Amazonas. O próprio governador Wilson já determinou publicamente — duas vezes! — a execução do ZEE, mas até agora nada. Roraima, Amapá e até o Acre — da ministra Marina Silva — já concluíram seus zoneamentos. E o Amazonas? Continua empacado.
O mais absurdo: o secretário da SEMA, egresso da FAS, pediu ajuda federal para Apuí alegando aumento no desmatamento, mas o IPAAM, outro órgão do mesmo governo, diz que o desmatamento diminuiu no Amazonas. Quem está falando a verdade? E por que esse mesmo secretário nunca pediu apoio técnico, político ou financeiro para o ZEE, mas teve autonomia para assinar documento sobre Apuí sem sequer envolver o governador?
Enquanto isso, seguimos sem ZEE, com um licenciamento ambiental lento e confuso, um CAR desorganizado e ineficaz, e sem receber um centavo sequer de crédito de carbono ou mecanismos como o REDD+ — mesmo sendo o Estado mais preservado do planeta!
Todos sabem: o atual comandante da ONG FAS foi secretário de Meio Ambiente no governo Eduardo Braga. Curiosamente, o senador não apareceu na CPI para defender a fundação. Por quê? Estão mesmo separados? Duvido. Nem Eduardo nem Omar tocam no nome da FAS, que hoje controla R$ 78 milhões do banco KfW da Alemanha e vem mandando no governo do Amazonas, mas sem prestar contas do que vem gastando desse dinheiro. Para o ZEE, no entanto, não há sequer R$ 1 real reservado.
É essa a política ambiental do Amazonas? Silêncio, omissão e alianças com ONGs que servem mais a interesses externos do que ao povo da floresta? Só o Wilson tem a caneta para acabar com esse teatro ambiental no Amazonas. Avisado ele foi! Se não fizer nada, a fatura vai chegar, assim como já chegou em eleições passadas para Omar e Eduardo.
THOMAZ RURAL