Natura: Festa em Parintins, Silêncio no Interior

Opinião/Informação:

É fundamental que nossas autoridades e conselhos busquem conhecer, com transparência, quanto a Natura e empresas similares estão efetivamente pagando aos extrativistas do Amazonas. Não há objeção quanto ao investimento privado no Festival de Parintins — pelo contrário, penso que deve ser ampliado, especialmente para evitar o uso de recursos públicos, por razões óbvias.

No entanto, é preciso encarar a realidade no campo. Coletivos locais denunciam que o modelo atual não assegura dignidade financeira aos extrativistas e, mesmo com a chamada “repartição de benefícios”, os valores pagos diretamente ainda são baixos. Isso perpetua um ciclo de exploração da floresta com pouca valorização de quem a protege. Essa é a “bioeconomia” de doutores e ongueiros que enganam nosso povo.

As influenciadoras — como a nossa guerreira cunhã poranga Isabelle Nogueira, parceira da Natura — que legitimamente defendem o povo da floresta, precisam ouvir quem vive do extrativismo. Não ouça ONGs e seus representantes profissionais, mas sim os próprios extrativistas e grupos formais e sérios que atuam em cooperativas e associações do Amazonas. Procure informações em Boca do Acre. Somente ouvindo esses atores é possível saber a quantidade real de matéria-prima comprada e os preços pagos por elas. Em síntese, usam fortemente o marketing da “floresta em pé”, a marca “Amazônia”, mas pagam pouco ao extrativista. Procure saber quantas pessoas estão envolvidas? Lembrando que temos 2 milhões no interior e o emprego vem da prostituição, narcotráfico e mineração ilegal.

Como alertou a procuradora Eliana Torelly, que acompanhou negociações com cooperativas de produtos como o babaçu e o murumuru:

“Ficamos preocupados com a justiça dos pagamentos […] em muitos casos, o valor de negociação com os cooperados é mantido em sigilo, e isso não dá parâmetros para outras comunidades”.

Ou seja, sem divulgação dos valores, comunidades não têm base para comparar e negociar melhor.

Síntese das principais críticas

  • Falta de transparência: valores mantidos em segredo dificultam negociação comunitária;
  • Pagamentos irrisórios: R$ 3/dia por coleta é valor de subsistência, não de trabalho;
  • Apropriação de conhecimento indígena: sem repasses justos ou reconhecimento;
  • Comunidades excluídas: presença de intermediários, pouca voz direta nos acordos.

THOMAZ RURAL

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