Opinião/Informação:
Mais um Ato do Teatro Ambiental no Amazonas
É no mínimo absurdo: enquanto o IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas), vinculado à Secretaria de Meio Ambiente (SEMA), divulga que o desmatamento caiu em junho com base em imagens de satélite, o próprio titular da SEMA envia ofício à sua amiga de longa data, a ministra Marina Silva, pedindo apoio federal para conter o avanço do desmatamento em Apuí. Afinal, em que devemos acreditar? Se os dados mostram queda, por que o pedido emergencial?
Esse tipo de contradição explicita o que muitos chamam de “teatro ambiental”, um jogo de cena que, na prática, só penaliza o povo do Amazonas. Enquanto se ostenta uma imagem de compromisso com a preservação, ignora-se a necessidade de políticas concretas de desenvolvimento sustentável e geração de renda no interior.
O mais grave é que esse espetáculo vem sendo aplaudido — ou, no mínimo, tolerado — por sucessivos governos. Todos inteligentes, mas omissos diante de um grupo que atua para impedir qualquer avanço no uso responsável das riquezas naturais do estado. São contrários ao Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), à pavimentação da BR-319, à exploração de gás, petróleo, à mineração legalizada e à chegada de investimentos que poderiam mudar a realidade do interior. E boa parte dessa resistência tem origem em segmentos ligados à ONG FAS, com lideranças oriundas do Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Enquanto isso, o povo que protegeu a floresta segue sem receber sequer um centavo de crédito de carbono ou recursos do REDD+. O discurso ambiental, por aqui, virou apenas promessa futura, empurrando a solução para um amanhã que nunca chega.
Para completar o absurdo, o ZEE da região Sul do Amazonas — essencial para destravar investimentos e conciliar preservação com desenvolvimento — custaria cerca de R$ 3 milhões. No entanto, os R$ 78 milhões já disponíveis via cooperação com o banco alemão KfW seguem intocados para esse fim no caixa da ONG FAS. Falta de vontade política? Medo de desagradar os “atores ambientais”?
Até quando o Amazonas será palco desse teatro que aplaude o atraso e sufoca seu povo?
THOMAZ RURAL
