Enquanto o Bumbódromo Brilha, o Agro Apodrece em Parintins

Opinião/Informação:

Na contramão dos discursos festivos e das manchetes coloridas que cobrem o Festival de Parintins, a realidade do setor primário do município grita em silêncio — abafada pelo som dos bois e escondida por trás dos camarotes e lanchas onde se concentram as autoridades. A foto que acompanha este artigo não é ilustrativa, é um retrato nu e cru do abandono: o ex-armazém da CIBRAZEM, completamente destruído. É a prova material do desprezo com que o poder público trata o produtor rural e a segurança alimentar da população.

Não se trata de um caso isolado, mas de um modelo de gestão que ignora o agro, tanto o familiar quanto o empresarial. Nenhum secretário municipal de produção rural, nem técnicos locais do IDAM, deve ser responsabilizado diretamente por esse cenário. A culpa é dos gestores — prefeitos que passaram e continuam passando pela administração municipal — que nunca enxergaram o setor primário como prioridade. Não têm visão, tampouco vontade. Preferem manter a população em estado de dependência crônica, sustentada por “ranchos”, reforçando práticas clientelistas que garantem votos, mas matam o futuro.

Parintins tem enorme potencial produtivo, com vocação natural para ser referência na pecuária, agricultura e piscicultura. Mas o que se vê é exatamente o oposto: falta de estrutura, abandono de equipamentos públicos e total ausência de planejamento para o desenvolvimento do agro.

É revoltante saber que esse armazém, com capacidade para fortalecer a logística de escoamento da produção local e garantir a estocagem de alimentos, esteja hoje entregue ao mato, aos escombros e ao esquecimento. Quantas toneladas de alimentos poderiam ter sido armazenadas ali? Quantas famílias poderiam estar produzindo com dignidade, se esse espaço estivesse ativo?

Enquanto isso, o ciclo do descaso se repete: os governantes fingem que tudo vai bem, os turistas se encantam com a festa, e o povo — o verdadeiro povo de Parintins — continua à margem, sobrevivendo entre promessas vazias e a dura realidade do campo.

“O agro não é espetáculo. É base, é sustento, é futuro. E Parintins, com todo seu potencial, não merece ser palco apenas de festa — merece ser modelo de desenvolvimento rural. Mas isso só será possível quando o poder público municipal e estadual decidir sair dos camarotes e pisar no chão batido da produção. Pior de tudo é que já vejo slogan de campanha para 2026 falando em “Amazonas forte DE NOVO”. “De novo”? Quando o Wilson assumiu em 2018, eu estava na transição, o estado já tinha metade da população com fome. Hoje, já passa de 60%, pois fazer o mesmo, com os mesmos da área ambiental que jogam contra o desenvolvimento econômico do Amazonas só poderia dar nisso.

THOMAZ RURAL

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