Opinião/Informacão:
Se fosse um político de primeiro mandato, até daria para entender esse discurso do ex-governador e senador Eduardo Braga, sempre prometendo que dias melhores chegarão ao caboclo do interior quando envolve a área ambiental. O problema é que esse discurso é o mesmo de ONGs e de seus representantes — incluindo os parceiros da ONG FAS — que há mais de uma década controlam a área ambiental do Amazonas, sem que um centavo tenha chegado ao bolso de quem realmente preserva o verde que o mundo inteiro diz valorizar. Nem o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) fizeram.
O senador Eduardo Braga é uma pessoa inteligente, bem informada e com visão privilegiada. Por isso, é difícil acreditar que ele não saiba que seu ex-secretário da SEMA, que deixou o cargo para assumir a ONG FAS, já está envolvido na operação de créditos de carbono, como no caso do Projeto Mejuruá, em Carauari. Se por acaso ainda não sabe, basta consultar o documento recente disponibilizado pelo Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM), onde constam claramente o nome do seu ex-secretário, da FAS e da certificadora.
Não aceito mais esse discurso político que sempre empurra as soluções da área ambiental para um futuro indefinido — um futuro que, se depender dessa prática, não veremos em vida e que, certamente, não beneficiará o pequeno produtor ou o ribeirinho que vive da floresta.
A FAS, que o senhor Eduardo Braga conhece muito bem, já movimentou mais de meio bilhão de reais desde sua criação. Muito antes dessa aprovação de créditos de carbono anunciada em seu vídeo, o titular da ONG FAS já vinha “articulando” projetos no interior do Amazonas com essa finalidade. Nas reuniões dos conselhos estaduais (CEDRS, CEAPO, CONEPA, entre outros) ele não aparece, mas uma reunião em Carauari lá estava ele, mas o caboclo estava esperto e não caiu no papo. A foto está no documento do MPF-AM.
Gostaria muito de ouvir, de forma direta, o que o senador pensa sobre a atuação da FAS, principalmente porque ele sequer compareceu à CPI das ONGs, realizada recentemente no Senado. Se possível perguntar da ONG, como fez o senador Plínio Valério, para onde foram os milhões que a FAS diz ter gasto em assistência técnica para engenheiros florestais, agrônomos e engenheiros de pesca. O próprio titular da ONG afirmou esse gasto na CPI, mas até hoje não respondeu a quem, exatamente, foi pago.
Não aceito mais esse discurso de sempre empurrar as soluções para um amanhã distante. Esse slogan de “Amazonas forte de novo”, mirando 2026, é um desrespeito à memória de quem vive no interior. O que realmente tem crescido é a fome e a miséria no nosso estado.
THOMAZ RURAL