Nossas autoridades tem medo das ONGs? Qual a razão?

Opinião/Informação:

Respeito o senador Eduardo Braga, reconheço sua inteligência, mas não posso aceitar esse discurso de que “agora é a hora de fazer acontecer a BR-319”. Esse “hora” já passou faz tempo. O senador sabe muito bem que foi o Observatório do Clima, onde estão direta e indiretamente incluídas duas ONGs de seu conhecimento — FAS e IDESAM —, que entrou com o pedido de suspensão da licença da BR-319.

Discutir qual governo gastou mais ou menos não resolve o problema do nosso isolamento. Precisamos admitir que os governos passados, inclusive o do próprio senador Eduardo Braga e também o do ex-governador Omar Aziz, foram aliados dos governos Lula 1, Lula 2, Dilma 1 e Dilma 2, e mesmo assim, nada aconteceu.

O foco ficou na Arena e na Ponte, enquanto o povo do Amazonas sempre quis — e quer — “passear” pela BR-319, conhecer o Brasil, já que milhões de amazonenses não têm condições de pagar passagens de AZUL, GOL ou LATAM, nem mesmo parcelando em 12 vezes. Muitos, sequer têm comida — que, aliás, fica ainda mais cara pela falta da BR-319.

Está cada vez mais claro que, mais uma vez, não teremos a BR-319 asfaltada durante o governo Lula 3. E precisamos ter a coragem de dizer aos mais de quatro milhões de brasileiros que vivem no Amazonas: estamos isolados por causa de ONGs e ongueiros que o senhor, senador, conhece muito bem esse meio. Não podemos mais esconder essa realidade do povo amazonense.

O senador Omar Aziz, seu colega no Senado e seu ex-vice-governador, já citou claramente quem nos trava, mas não deu nomes e não compareceu à CPI das ONGs para falar o que disse em recente discurso. Assim como soubemos que o senador Eduardo Braga também não participou da CPI, comandada pelo amazonense Plínio Valério, nem para reconhecer o trabalho da ONG FAS, nem para criticar essa ou outras ONGs que, como disse o senador Omar — com razão —, nos travam ao atender interesses estrangeiros.

Até hoje, a SEMA é comandada por ongueiros oriundos da ONG que foi apoiada na sua gestão como governador. Quem comanda a ONG FAS hoje foi seu secretário de meio ambiente. Se não tivermos a humildade de assumir nossos erros, corrigir rotas e tirar do caminho quem efetivamente nos trava, nenhum discurso bonito vai resolver a vida do povo que o elegeu tantas vezes — e que pode elegê-lo novamente.

Mas é preciso colocar os “pingos nos is” e enquadrar quem, de fato, trava o Amazonas. O silêncio apenas deixa uma forte interrogação no ar.

Coloco, ao lado, a postagem do deputado federal Fausto Silva para fazer a seguinte pergunta:
Quem vai pagar pelas vidas perdidas, pela falta de empregos, pelo alto custo da indústria e pela ausência de dignidade do nosso povo pobre, isolado, doente e sem renda com tantas décadas de lama e poeira na BR-319? A estrada está aberta, nada será derrubado, e já tem satélite suficiente para acompanhar possíveis ilícitos.

Quando o governador Wilson Lima assumiu, em 2019, o Amazonas já tinha metade da sua população vivendo na pobreza. Hoje, esse número é ainda maior. E sabe por quê? Porque na área ambiental ele conta com os mesmos assessores que atuaram no seu governo, senador. Fazer o mesmo, com os mesmos, não vai trazer resultados diferentes.

E, para agravar, nem sequer temos um ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico), que é uma política nacional essencial de meio ambiente. Vamos admitir os erros, afastar quem nos trava, fazer o ZEE e ter um Amazonas bom para todos.

Será que o medo que nossas autoridades tem das ONGs ambientalistas que atuam aqui, é o mesmo que o presidente Lula tem de exonerar a ministra Marina Silva diante da reação dos países “financiadores”?

THOMAZ RURAL

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