Opinião/Informação:
O senador Eduardo Braga é, sem dúvida, uma pessoa muito inteligente — pude constatar isso de perto quando estive ao seu lado durante a campanha para o governo do Estado, na qual enfrentamos o professor José Melo. No entanto, confesso que não compreendi sua declaração recente, reproduzida na entrevista abaixo, em que afirma: “Eles falam, falam, apontam o dedo e não colocam dinheiro aqui.”
Ora, senador, apenas a ONG FAS recebeu, ao longo dos últimos 15 anos, R$ 500 milhões vindos do Brasil e de diversos países do exterior com a embalagem escrita “ambiental e melhorar a vida do povo da floresta“. . Isso é recurso, e muito. Vale lembrar que o atual dirigente da FAS foi seu secretário de meio ambiente, e deixou o cargo justamente para assumir o comando da ONG. Desde então — passando pelos governos do senhor, do Omar, do Melo e agora do Wilson Lima — essa organização vem exercendo influência direta sobre a política ambiental do Amazonas. O atual titular da SEMA também veio da ONG FAS. Dos citados, apenas o Wilson tem tempo para virar essa página que trava o Amazonas apesar dos bilhões recebidos. Só este ano está entrando mais R$ 75 milhões do banco KFW no cofre da FAS. FAS que ainda vive pedindo doação na mídia.
O relatório da CPI das ONGs, idealizado e conduzido pelo senador Plínio Valério, escancara o cenário: países altamente poluidores enviaram uma fortuna ao Amazonas com a justificativa de “proteger a floresta”. Mas a pergunta que não quer calar é: o que foi feito pelo povo da floresta, aquele que realmente preservou e manteve essa riqueza natural em pé? A resposta é dura, mas clara: nada. Absolutamente nada.
Quando Wilson Lima assumiu o governo, encontrou metade do estado em situação de fome. Hoje, essa pobreza só aumentou. E por quê? Porque insistimos em fazer as mesmas coisas, com os mesmos atores — e esperando resultados diferentes.
Sobre o crédito de carbono, que até hoje é tratado como promessa futura, recomendo que o senador Eduardo Braga leia com atenção o relatório do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM), citado abaixo. Lá, está documentado o que já acontece no município de Carauari e região. Imagino que o senador reconhecerá alguns dos nomes mencionados.
Em resumo: dinheiro tem vindo, e muito. Mas chega com carimbo, com agenda definida — e essa agenda não é de desenvolvimento, mas sim de isolamento, pobreza, doença, fome, desemprego e bloqueio produtivo.
O Amazonas já recebeu bilhões em recursos ambientais. No entanto, como venho dizendo há anos, esse dinheiro chega carimbado para travar. Tanto que nem mesmo o ZEE, instrumento básico da gestão territorial, conseguimos concluir até hoje.
Abaixo, relatório do MPF-AM
THOMAZ RURAL