Opinião/Informação:

É humilhante e inaceitável essa imagem no Amazonas – um estado rico em oportunidades, com 97% da floresta preservada, mas com suas atividades econômicas travadas há décadas, enquanto os ilícitos avançam desde 2003.

Comecei a escrever no Jornal do Commercio justamente em 2003, e o que vejo hoje é a repetição de uma cena vergonhosa: pessoas esperando por doações de alimentos, em plena região que tanto preservou para o Brasil e para o mundo. Se não fosse a adesão do atual governo estadual ao programa Garantia-Safra, que já vem colocando um valor superior ao dessa cesta básica no bolso do produtor rural, a humilhação desse povo seria ainda maior.

Essa imagem fere a alma. Sabemos o potencial do Amazonas para gerar riqueza com a floresta em pé, mas seguimos paralisados. No centro da foto, as cestas básicas: de um lado, o povo, esperando comida; do outro, os que têm o poder de mudar essa realidade, mas preferem ouvir os que querem manter o Amazonas como um santuário de pobres, servindo aos interesses de países poluidores.

Desde o primeiro governo de Eduardo Braga, passando por Omar Aziz, José Melo e agora com Wilson Lima, essa cena de abandono e humilhação permanece. É degradante. É uma vergonha sem fim.

Tenho esperança de que Wilson Lima – que, diferente dos antecessores, aderiu ao Garantia-Safra e vários ribeirinhos já vem recebendo direto na lotérica da CAIXA a sua grana (sem rancho, sem foto e apologia a pobreza) – também mude, urgentemente, o gestor ambiental do estado que veio da ONG FAS. Até hoje, ele (estive em seu gabinete em janeiro de 2019) não implementou o ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico), não viabilizou pagamento de serviços ambientais prestados pelo povo da floresta, sua ONG de origem trava a BR-319 e impede qualquer iniciativa econômica sustentável com base científica. Pior de tudo, sua ONG de origem e a própria secretaria já sob investigação do MPC e MPF. Depois de 7 anos no comando, ainda usa o verbo no futuro quando se trata de melhorar a vida desse povo que está de “joelhos” esperando COMIDA.

E ainda ouvimos promessas para 2026 com o discurso de um “Amazonas forte DE NOVO”. Se o “DE NOVO” significa o que nos entregaram em 2018, é melhor repensarmos nosso futuro no estado. Essa cena é um retrato cruel da omissão e da incompetência. Uma cena humilhante.

THOMAZ RURAL