Opinião/Informação:
O inaceitável é que a mensagem levada ao Papa Francisco foi equivocada. Esqueceram de contar a ele — e ao mundo — que mais da metade da população do Amazonas vive sem ter o que comer todos os dias. Falaram apenas da floresta em pé. Levaram a imagem de uma Amazônia em chamas, com animais morrendo e rios desaparecendo. Hoje, o caboclo já está com a água no pescoço. Omitiram que o caboclo continua sem água tratada, sem energia, sem internet, sem produção, sem comida, doente, isolado, sem dignidade e ainda dependente de um rancho para sobreviver.
Provavelmente disseram ao Papa que a próxima pandemia começará na Amazônia. Enquanto isso, o resto do mundo já desmatou quase tudo e enfrentou apenas uma pandemia. Aqui, basta falar em asfaltar a BR-319 para alguns ambientalistas já preverem uma nova tragédia global. Esquecem que a pandemia da fome mata todos os dias em nossa região e o silêncio deles continua.
Espero que o próximo Papa esteja melhor informado sobre a verdadeira realidade dos homens e mulheres que vivem na Amazônia. O mundo já nos observa por satélites poderosos — sabe de cada passo, cada palmo. E, ainda assim, financia interlocutores para manter nossa região paralisada, sem atividade econômica, sem emprego e sem renda.
É triste ver o Papa Francisco partir sem ter conhecido a verdade sobre quem vive e resiste na Amazônia.
THOMAZ RURAL

