Opinião/Informação:
Meu amigo jornalista Joubert me trouxe essa notícia nas páginas de A CRÍTICA. A dona Nelly não me conhece pessoalmente, mas pessoas próximas a mim já trabalharam com ela. Conheço uma de suas principais assessoras no colégio e sei da forte ligação de sua mãe com causas ambientais. Em resumo, trata-se de um exemplo de pessoa e empreendedora, talvez por isso tenha sido convidada para integrar o Conselho da FAS — com S, e não com Z.
Gostaria apenas de recomendar à dona Nelly que avaliasse melhor essa decisão de participar do Conselho da FAS. No passado, durante minha gestão na Conab, via PAA/CDS/MDS, colaborei com a Creche Zezé Pio de Souza, uma iniciativa séria, verdadeiramente comprometida com o próximo e com o ser humano. Por isso, recomendo que avalie essa decisão com cuidado, se realmente tiver o objetivo de melhorar a vida das pessoas.
Sugiro que realize algumas pesquisas e consultas para refletir sobre a decisão. Recomendo, por exemplo, a leitura do relatório da CPI das ONGs, a consulta ao site do MPF (especialmente sobre o caso de crédito de carbono em Carauari, ainda em investigação) e do MPC-AM (sobre a parceria entre a SEMA e a FAS, também em investigação). Além disso, seria interessante analisar a movimentação financeira da ONG desde sua criação, verificando se os recursos administrados — cerca de meio bilhão de reais — condizem com as realizações apresentadas nas unidades de conservação.
Se, na pesquisa, a senhora encontrar o nome dos engenheiros de pesca, florestal e agrônomos que receberam milhões dessa ONG para fazer “assistência técnica”, peço a gentileza de me enviar, pois até agora essa informação não apareceu, apesar de ter sido dito claramente na CPI das ONGs pelo titular dessa ONG ambientalista, que é contra a repavimentação da BR-319 — cujo atual condição aumenta o custo do agro, comércio, indústria e setor de serviços, além de impedir que o amazonense conheça outros estados.
Mais um detalhe a ser avaliado: o nome da saudosa dona Martha Falcão sempre esteve fortemente ligado ao tema “ecologia”. Será que a dona Nelly sabe que, até hoje, apesar de a Secretaria de Meio Ambiente do Amazonas ter gestores oriundos da ONG FAS há mais de uma década, o nosso Amazonas ainda não tem o Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), uma política prevista na legislação nacional de meio ambiente? Basta pesquisar no site do MMA para encontrar essa política, que o Amazonas ainda não implementou. Roraima já tem, Amapá meses atrás. Não é estranho? Veja no site do MMA o conceito de ZEE e constate que tudo o que está escrito representa um interesse social, econômico e ambiental que temos.
Por fim, é importante lembrar que muitos dos formandos de todas as faculdades do Amazonas encontram dificuldades no mercado de trabalho por travas que impedem atividades econômicas sustentáveis, inclusive da nossa EMBRAPA — uma das principais travas é justamente a ausência do ZEE.
Tenho respeito pela senhora e por sua família e precisava levar essas informações para sua avaliação. Nem precisa me consultar; sugiro procurar outros caminhos, até porque o que penso já está registrado no meu blog e nas colunas do Jornal do Commercio, onde escrevo há 22 anos — já são mais de 800 artigos semanais.
Quero o Amazonas com a floresta em pé (ela já está), mas também com o ser humano de pé (o que ainda não acontece, pois mais de 60% da população vive na pobreza).
Se, após essa avaliação, a resposta for positiva, acredito que vale a pena permanecer no Conselho, mesmo sabendo que sua rotina já deve ser bastante intensa. Caso contrário…
THOMAZ RURAL
Amigo Joubert, sei que o “Z” foi traição de computador, jamais seu erro.

