A indignação é a única resposta que ecoa em meu peito contra a CONAB e ADS

Opinião/Informação:

A sequência de fotos que invadem meu celular vindas do interior me revolta profundamente. Produtores rurais, gente que labuta sol a sol, vendo sua produção definhar por absoluta falta de COMPRADOR. Não estamos falando de qualquer coisa, mas de alimentos de alto valor comercial e, crucialmente, nutricional. Enquanto os gestores da ADS e da CONAB parecem viver em uma bolha, alheios a essa agonia, podem ter certeza de que minha voz não se calará. Continuarei a cobrar, insistentemente. O Programa de Regionalização da Merenda Escolar (PREME) da ADS já se tornou um velho conhecido por sua miopia em relação ao pequeno produtor. A preferência escancarada por empresários, agraciados com contratos milionários repetidamente para fornecer os mesmos produtos ano após ano – carne, polpas, pescado –, e tudo isso sem a transparência de uma licitação, é um escárnio. A falta de fiscalização para sequer verificar se o produto é genuinamente do Amazonas é igualmente ultrajante.

Deixo claro: nada tenho contra o fornecimento via cooperativas e associações SÉRIAS, aquelas que realmente representam o produtor. Minha crítica é ferrenha contra as laranjas, os atravessadores de luxo que parasitam a cadeia produtiva.

E a Conab? Em Manicoré, onde a cena da banana apodrecendo clama por justiça, um projeto do PAA/CDS tramita há tempos, sem que a verba seja liberada. A culpa? Da gestão, inerte, e de quem a indica, que deveria estar se esmerando em buscar soluções, da mesma forma que outros gestores e políticos se mobilizam quando a crise bate à porta de outras regiões. Sem a pressão incisiva do gestor e de quem o apadrinha, a solução não chega, e o que vemos é apenas o sofrimento se alastrando no interior do Amazonas.

É sempre bom refrescar a memória de nossos gestores e leitores: estamos no Amazonas, um estado que clama por um Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) que nunca sai do papel, e onde mais de 60% da população convive com a fome. Diante dessa dura realidade, pergunto: faz algum sentido esse descaso com quem produz o alimento? A indignação é a única resposta que ecoa em meu peito. AGRO É SAFRA, NÃO PODE ESPERAR A BOA VONTADE DO GESTOR DAS COMPRAS PÚBLICAS.