Opinião/Informação:
Não entendi essa fala de “normalidade” do titular da SEMA, publicada no jornal A CRÍTICA.
Enquanto o governador já aparece sobre uma balsa levando toneladas de alimentos, oito municípios do Amazonas já decretaram situação de emergência, estradas estão sendo tomadas pelas águas e mais de 92 mil pessoas estão diretamente afetadas — o secretário da SEMA, que veio da ONG FAS, afirma que “a cheia está dentro da normalidade”.
Talvez para ele, talvez até para mim, que estou longe dos rios que transbordam. Mas para essas milhares de famílias que estão sendo desalojadas, que perderam plantações, criações, que estão ilhadas ou dependendo de ajuda humanitária — não tem nada de normal.
Estamos diante de um desastre socioambiental que se repete ano após ano, mas que parece estar sendo relativizado por quem deveria defender o ZEE e já ter colocado reais no bolso desse povo pelos serviços ambientais. Quando o responsável pela Secretaria de Meio Ambiente naturaliza a tragédia, parece ignorar que essa “cheia normal” mata, empobrece, desestrutura comunidades inteiras e isola os nossos caboclos — justamente aqueles que mais preservam a floresta. E isso é muito grave. Porque enquanto se aplaude discursos sobre crédito de carbono, floresta em pé e sustentabilidade em eventos internacionais, por aqui os guardiões da floresta continuam sendo esquecidos. E ainda ouvem que tudo isso é “normal”.
THOMAZ RURAL




