Opinião/Informação:
Concordo plenamente com o que foi dito pelo vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, produtor rural que, junto com Muni Lourenço, da FAEA, lidera o Comitê de Desenvolvimento Agropecuário do Amazonas. Contudo, acrescento um ponto: ainda sonho com o dia em que empresários importantes do Amazonas incluirão o setor agropecuário em seus discursos. Afinal, todos os atores econômicos — sejam chefes ou empregados dos setores de serviços, comércio e indústria — consomem alimentos diariamente, grande parte ainda importada de outros estados.
Embora o crescimento do PIB do Agro em 2024 tenha sido tímido, ele demonstra o potencial do setor. Esse crescimento poderia ser muito mais expressivo se tivéssemos resolvidos dois entraves fundamentais: a ausência do ZEE (Zoneamento Econômico Ecológico) e os graves problemas de regularização fundiária e ambiental, que impedem o acesso ao financiamento rural. Esses obstáculos não apenas travam o desenvolvimento do setor como também limitam sua capacidade de contribuir ainda mais para a economia do estado.
O setor agropecuário é um parceiro natural de todas as atividades econômicas do Amazonas e jamais poderia ser diferente. Não somos concorrentes de outros setores; buscamos agregar valor e contribuir para o desenvolvimento sustentável e integrado do estado. Contudo, incluir o setor primário nos pronunciamentos seria um passo importante para ajudar a contrapor aqueles que desejam manter o Amazonas isolado, pobre e dependente de iniciativas externas. Isso inclui algumas ONGs ambientalistas bilionárias que têm parcerias com instituições como o CIEAM e a SUFRAMA.
Nelson Azevedo finaliza suas declarações falando em “transformar nosso potencial”. Concordo inteiramente. O agro familiar e empresarial do Amazonas tem um enorme potencial para aumentar sua produção e produtividade, sempre com respeito ao meio ambiente. Esse caminho já foi amplamente demonstrado pela ciência da EMBRAPA, inclusive durante encontros no CADAAM. No entanto, acredito que o CADAAM deveria contar com um coordenador que possua profundo conhecimento da realidade agropecuária amazonense, além de habilidades para dialogar e criar maiores conexões entre instituições como a FIEAM, FECOMÉRCIO e o próprio CIEAM.
Precisamos de liderança técnica que conheça o setor, respeite a ciência, fale a verdade e, principalmente, tenha visão de integração e desenvolvimento. A força do nosso agro não é apenas uma promessa; é uma solução para um Amazonas mais próspero, equilibrado e sem tantas famílias com fome.
THOMAZ RURAL