Denominado “ouro negro” pelos moradores da região, o açaí de Codajás movimentou mais de R$ 31 milhões nos últimos anos.
Por ASN Amazonas
O Açaí de Codajás recebeu o registro da 122ª Indicação Geográfica do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) nesta terça-feira (26). Agora, são 113 IG’s registradas no Brasil, 15 na Amazônia e 7 no Amazonas. Na prática, o selo conquistado após quatro anos de trabalho em parceria com o Sebrae Amazonas e demais organizações, é um reconhecimento oficial de Indicação de Procedência concedido ao produto que possui características únicas da região de origem.
De acordo com a documentação apresentada ao INPI, o município de Codajás, localizado no interior do Amazonas, possui vegetação e clima favoráveis à produção do açaí, estando na lista dos maiores produtores nacionais do fruto. Isso gera emprego e renda à cidade, que até 1938 consistia em uma aldeia indígena com o mesmo nome.
Denominado “ouro negro” pelos moradores da região, Codajás foi o maior produtor de açaí do estado do Amazonas nos anos de 2018, 2019, 2020 e 2021, movimentando mais de R$ 31 milhões na economia. Somente no município, 70% da população atua em atividades indiretas relacionadas à produção e escoamento do açaí e cerca de 600 produtores trabalham de forma direta, entre apanhadores, batedores e atravessadores em embarcações, estivadores, entre outros atores na produção e venda do produto.
Na foto: Produtores de Açaí do município de Codajás.
Conhecido por sua qualidade e sabor distinto, o fruto da região ganhou maior fama a partir de 1988, com o início do Festival do Açaí que atualmente reúne cerca de 50 mil pessoas entre participantes locais, nacionais e internacionais. Foi quando outros municípios passaram a indicar a origem do insumo nas vendas. Desde então, em 2019 os produtores codajaenses em parceria com o Sebrae Amazonas, poder público e entidades passaram a atuar na busca para alcançar oficialmente a notoriedade do açaí local.
A Chefe do escritório do Sebrae-AM em Coari, Alzinete Sobrinho, destaca que o selo, além de agregar valor ao mercado, protege e garante a origem da marca, como já ocorre com a farinha do Uarini e o guaraná de Maués.
“Esse selo é resultado de um esforço conjunto dos produtores, do Sebrae e demais parceiros, além de contar com emendas parlamentares e muita articulação. Acreditamos que essa conquista vai proteger principalmente aquele trabalhador que faz a produção e venda correta do fruto na região, que anteriormente era repassado de maneira falsa ao consumidor. Trazer esse reconhecimento é confirmar a qualidade e a singularidade do produto”, disse Alzinete.
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Indicação geográfica
No Brasil, o selo de Indicação Geográfica é conferido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), do Governo Federal. O reconhecimento é concedido a uma região que ficou conhecida ou apresentou vínculos relativos à qualidade e características de um produto ou serviço, conforme estabelecido pela Portaria INPI/PR Nº 4, de 12 de Janeiro de 2022.
Atualmente, o Amazonas possui sete IGs: farinha de Uarini, peixes ornamentais do Rio Negro, abacaxi de Novo Remanso, pirarucu de Mamirauá, guaraná de Maués e Andirá-Marau (guaraná dos indígenas), cuja área contempla parte de municípios do leste amazonense e do Pará, e agora o Açaí de Codajás.
Características do açaí
O açaí é um fruto originário da Região Amazônica, amplamente utilizado em alimentos e bebidas, sendo obtido através de atividades extrativas e pelo plantio, processo historicamente recente. Ainda que o fruto seja obtido de formas diferentes, o processo de beneficiamento é o mesmo, garantindo a uniformidade do produto.
A maior parte da produção do açaí de Codajás fica às margens dos lagos Miuá, Badajós, Salsa, Jamacana, Piorini, além da estrada e margens do rio Solimões. O fruto possui coloração roxa ao avermelhado, sabor adocicado, alta rentabilidade, elevado poder nutritivo e viscosidade. O alto teor de gordura e a antocianina presentes no açaí ajudam a combater os radicais livres.