Esse o caminho, ciência, não inventem a roda. Repetir o passado é desperdiçar recursos e aumentar a extrema pobreza no AM preservado

Opinião:

EMBRAPA, UFAM, FAPEAM, INPA, IDAM/SEPROR são algumas das siglas que devemos investir os recursos da Alemanha. Já chega! Já deu! No máximo, as ONGs deveriam apenas focar em atuar, exclusivamente, levando as políticas, programas e ações já existentes com metas bem definidas e total transparência. Contudo, ignoram a ciência, e praticam o “sabe tudo”. Eu consigo a grana, faço o que quiser! Eu que mando! É o que sinto. Resultado: distância (por causa sabe tudo) pobreza extrema, ciência na prateleira, sem sequer receberem visitas de alguns doutores em clima e ambiente. Meu papel é alertar! Mais 78 milhões chegando!

THOMAZ RURAL

Projeto busca preservar diversidade genética do abacaxi na Amazônia

A Amazônia é o principal centro de diversidade genética do abacaxi comestível do mundo e, para diminuir os riscos de se perder essa variabilidade da planta, está sendo instalado um Banco Ativo de Germoplasma (BAG), na Fazenda Experimental da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Manaus. Com apoio da Embrapa Amazônia Ocidental, do Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Amazonas (Idam) e agricultores de várias localidades amazonenses, a coleção já reúne 54 acessos de abacaxis comestíveis provenientes de 32 municípios amazonenses.

A atividade faz parte do projeto “Conservação das variedades locais de abacaxi  cultivadas no Amazonas”, que tem por objetivo contribuir para a valorização e conservação da agrobiodiversidade por meio da coleta, caracterização e conservação de  germoplasma de abacaxis comestíveis, domesticados e cultivados pelas populações indígenas e os agricultores familiares da Amazônia. Liderado por  Henrique dos Santos Pereira, engenheiro agrônomo, professor titular da Ufam, com a participação do pesquisador da Embrapa, Ricardo Lopes, e de técnicos do Idam, o projeto tem aporte financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas (Fapeam).

O projeto prevê quatro estratégias de conservação das espécies de abacaxis. A primeira é estabelecer um BAG de abacaxis comestíveis (conservação ex situ) na fazenda da Ufam. A segunda é manter as variedades nos seus lugares de origem (conservação on farm), que é a roça dos agricultores tradicionais e indígenas. A terceira é a conservação in vitro (conservação ex situ) de uma “cópia de segurança” do BAG mantido em campo, no laboratório de Cultura de Tecidos da Embrapa Amazônia Ocidental. A quarta estratégia será estabelecer e avaliar a viabilidade da coleção de pólen de variedades locais sob criopreservação. As diferentes estratégias de conservação são complementares e reduzem os riscos de perda de variabilidade genética, bem como, facilitam também o intercâmbio e uso do germoplasma.

Pereira revela que para a obtenção dos materiais, houve o apoio estratégico do Idam, o órgão de extensão rural do governo estadual, que conta com mais de 60 escritórios distribuídos pelo Amazonas. “Seus técnicos têm tido atuação primordial na obtenção, guarda e envio dos abacaxizeiros. Cabe a eles fazer a identificação das plantas e nos colocar em contato com os agricultores”, informa.

Motivação

No Amazonas a variedade predominante nos cultivos é conhecida como “Turiaçu”, a qual acredita-se que tenha sido introduzido no município de Itacoatiara, Amazonas, a partir de mudas trazidas do município Turiaçu, na Amazônia maranhense. Esta variedade, selecionada por agricultores familiares, predomina em larga escala nos cultivos de Itacoatiara, maior produtor de abacaxi do estado, aumentando a difusão para outros municípios. “Com essa preferência, corre-se o risco dessa variedade vir a substituir as variedades locais nativas, provocando a erosão genética e a perda da agrobiodiversidade da espécie, o que seria particularmente grave, em se tratando de ser o Amazonas um centro de diversidade da cultura”, cita Pereira.

Para apoiar na implantação do BAG, a equipe do projeto contou com a expertise da pesquisadora Fernanda Vidigal, curadora do BAG Abacaxi da Embrapa Mandioca e Fruticultura, Cruz das Almas, Bahia, o maior do mundo. Ela esteve em Manaus, visitou a fazenda da Ufam e participou da troca de saberes, quando orientou sobre as técnicas de identificação e manutenção dos lugares onde serão conservados os materiais genéticos, assim como o protocolo para coleta do material que também deverá ser depositado no banco nacional mantido pela Embrapa na Bahia.

Segundo Vidigal, o BAG tem um trabalho muito focado na parte de conservação, mas também de uso de recursos genéticos. Disse que a Amazônia Ocidental é o centro de diversidade importantíssimo do gênero ananás, onde tem guardado e resguardado na região com comunidades tradicionais, com comunidades locais e indígenas, a maior variabilidade genética de abacaxi do mundo, principalmente de Ananas comosus, espécie a qual pertence o abacaxi comestível.

Fernanda disse que ainda faltam vários passos a serem seguidos pelo projeto na Amazônia, como a parte de caraterização do banco, novas coletas, para o banco e aí a conservação in vitro e depois criopreservação. A conservação in vitro é feita em tubos de ensaio, fica guardada e deve ser cuidada, quando cresce se faz o subcultivo e deve ser renovada no tubo. Na criopreservação, é apanhado um tecido da planta, faz um tratamento nesse material e congela a menos 196 graus negativos, guarda e armazena em tubos de hidrogênio líquido. A Embrapa Mandioca e Fruticultura já tem um protocolo de criopreservação estabelecido para as culturas da mandioca e abacaxi.

Conservação de germoplasma in vitro

O pesquisador Ricardo Lopes, responsável técnico pelo Laboratório de Cultura de Tecido de Plantas da Embrapa Amazônia Ocidental, explica que a participação da Unidade no projeto financiado pela Fapeam e liderado pela Ufam tem como objetivo coletar, caracterizar e conservar germoplasma de abacaxis comestíveis. Uma das estratégias de conservação é a manutenção de coleção in vitro, que apresenta baixo custo, requer pequeno espaço e alta segurança para o material, que não fica exposto a intempéries climáticas, ataque de predadores, pragas ou doenças. As atividades desse projeto são importantes para conservar e valorizar variedades tradicionais de abacaxis comestíveis existentes no Amazonas, que são mantidas por populações tradicionais, indígenas e agricultores familiares. Além da conservação do germoplasma, a micropropagação possibilita que variedades tradicionais com pequena disponibilidade de material propagativo sejam multiplicadas em larga escala, dessa forma, produzindo mudas suficientes para realização de experimentos agronômicos e cultivo em maior escala.

Micropropagação da variedade Turiaçu

As atividades com o abacaxizeiro no Laboratório de Cultura de Tecidos iniciaram com a demanda de produção de mudas com qualidade genética e sanitária da variedade Turiaçu cultivada no município de Itacoatiara, AM. O desenvolvimento de protocolos para micropropagação da variedade Turiaçu foi tema do projeto de Mestrado da estudante Cibelle Azamora, estudante do Programa de Pós-Graduação Agricultura no Trópico Úmido/INPA, orientada pelo pesquisador Ricardo Lopes. Os resultados da dissertação, defendida em junho de 2023, indicam que por métodos de micropropagação in vitro é possível obter grande quantidade de mudas com alta qualidade sanitária e fisiológica em tempo relativamente curto. Mudas obtidas por micropropagação pelo protocolo desenvolvido foram avaliadas em campo e demonstraram manter a identidade genética da variedade, tanto em aspectos morfológicos da planta como do fruto. Avaliações em áreas de produtor, com número maior de plantas, será necessária para que seja avaliado o desempenho das mudas micropropagadas em relação às convencionais. Devido a aspectos de custos, a expectativa não é de utilização de mudas micropropagadas diretamente em grandes extensões de plantio, mas que estas sejam usadas como matrizes capazes de produzir mudas de alta qualidade com menor custo de multiplicação.

BAG de abacaxi da Embrapa Mandioca e Fruticultura

O banco de abacaxi localizado na Embrapa Mandioca e Fruticultura está entre os mais antigos da Empresa, foi estabelecido em 1975 a partir de 39 acessos recebidos do Instituto Agronômico de Campinas. A ampliação dessa coleção começou a partir de 1979, quando a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e a Embrapa Mandioca e Fruticultura iniciaram várias expedições de coleta em regiões prioritárias do Brasil e atividades de intercâmbio.

Esse banco constituiu-se na maior coleção de germoplasma de abacaxi do mundo e atualmente conta com 764 acessos conservados, tanto em condições de campo, quanto em telado, com uma duplicata de segurança in vitro. Desse total, 136 materiais são oriundos de coletas feitas em 26 municípios amazonenses, sendo assim o único banco de germoplasma, até então, a conservar uma parte desses recursos genéticos oriundos das áreas de cultivo tradicionais do estado. 

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