Opinião do BLOG
Recebi de alguns amigos essa matéria do PORTAL ÀCRÍTICA falando de um empreendimento que envolve o óleo de andiroba feito por ribeirinhos. Então, aproveito essa matéria para exemplificar, mais uma vez, o que sempre venho escrevendo sobre a GERAÇÃO DE RENDA para o EXTRATIVISTA, repito, para o EXTRATIVISTA. No caso, aquele que coleta a AMÊNDOA (Andiroba).
Em termos financeiros, a matéria registra apenas o valor anual do faturamento, R$ 96 mil. O empreendimento, segundo a matéria, envolve 60 famílias. Dividindo R$ 96 mil por 60 famílias = R$ 1.600,00 reais ano. Por mês, insignificantes R$ 133,00 por família (por mês, apenas cento e trinta e três reais).
É um absurdo bater palma para esse faturamento de apenas R$ 133,00 por família/mês para quem manteve e mantém a floresta em pé.
Tem outro detalhe, a matéria, infelizmente, não cita o valor pago pela amêndoa colhida pelo extrativista. Então, resolvi entrar no site da empresa federal referência nacional na coleta de preços, a CONAB.
O preço mínimo da andiroba (amêndoa) fixado pelo governo federal na PGPMBio é de R$ 2,10 kg (quadro abaixo).
O gráfico abaixo (linhas azul e laranja) mostra que desde fevereiro até julho deste ano o preço recebido pelo produtor/extrativista (linha laranja) estava abaixo do preço mínimo fixado pelo governo federal, que é, como já disse acima, de R$ 2,10 kg.
Sabem o que isso significa?
Que esses extrativistas teriam direito a receber a subvenção federal, que nada mais é do que a diferença entre o preço mínimo e o recebido pelo produtor.
Será que eles receberam?
Bem, até hoje, os relatórios da PGPMBio que estão disponíveis no site da CONAB não constam qualquer tipo de pagamento para o extrativista da andiroba (amêndoa).
Será que a Conab tá equivocada nos preços divulgados?
Arrisco dizer que não, pois conheço os profissionais que coletam essas informações no interior.
O que dizem os apoiadores desse empreendimento, e de outros que envolvem produtos da floresta, sobre o faturamento de R$ 133 por família mês e, também, sobre o não acesso à subvenção federal?
Tem mais um detalhe, esse preço mínimo do governo federal da PGPMBIO é CUSTO DE PRODUÇÃO. Outro absurdo que sempre contestei, mas praticamente solitário nessa defesa. Cadê o plus adicional no valor para quem preservou a floresta?
Sem remuneração DIGNA ninguém segura o desmatamento. É isso que defendo, um olhar especialíssimo na RENDA, apenas R$ 133 por família/mês é brincadeira.
THOMAZ RURAL