Opinião/Informação:
Essa matéria mostra como é tão simples melhorar a vida das nossas comunidades indígenas sem desperdiçar recursos, sem corrupção e com a nossa EMBRAPA envolvida. Abaixo, mais uma matéria que confirma a necessidade de seguirmos esse caminho, via EMBRAPA.
THOMAZ RURAL
A comunidade Terra Preta, localizada às margens do Rio Negro (AM) e composta majoritariamente pela etnia Baré, deu mais um passo importante na promoção do bem viver e da autonomia comunitária. Em parceria com a COPIME (Coordenação dos Povos Indígenas de Manaus e Entorno), a Embrapa, o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Grupo de Pesquisas em Abelhas (GPA/INPA), foi fortalecido o
Fundo Rotativo Solidário Ira Ruka das Abelhas Meliponas, iniciativa que tem como objetivo transformar a organização comunitária e assegurar a sustentabilidade do projeto de criação de abelhas meliponas. Inspirado em metodologias desenvolvidas em comunidades rurais do Nordestebrasileiro, o fundo funciona de forma simples: as colmeias são manejadas coletivamente, acompanhadas por processos de formação e capacitação e, após a multiplicação, são distribuídas aos participantes. Cada pessoa que recebe duas colmeias se compromete a devolver uma ao fundo no prazo máximo de um ano, garantindo a continuidade da iniciativa e a expansão da criação entre as famílias da comunidade.
No dia 28 de novembro de 2025, quatro mulheres foram as primeiras beneficiadas com a entrega das novas caixas de meliponas: Cecília Yaromare, Cristiana Andrade, Francisca Maiane e Maria Francisca Ribeiro. Todas participaram das formações, demonstraram dedicação e agora assumem o compromisso de cuidar das colmeias e, futuramente, contribuir com o fortalecimento do fundo. Para Cecília Yaromare, o
momento marca o início de um novo ciclo: “É um grande dia. Agora posso começar minha criação e ainda ajudar outras mulheres da comunidade a terem suas próprias caixas.”O cacique Clodoaldo destacou o impacto coletivo da iniciativa: “O fundo fortalece a participação dacomunidade em projetos coletivos e, no caso das abelhas, contribui diretamente para o envolvimento das mulheres.” O pesquisador da Embrapa, Lindomar Silva, reforçou o caráter transformador da metodologia: “O fundo busca dar autonomia às comunidades e garantir a sustentabilidade dos projetos desenvolvidos com os povos indígenas de Manaus e entorno.”Já para Daniel Kokama, da COPIME, a iniciativa ultrapassa a dimensão produtiva: “O fundo evidencia o papel das comunidades indígenas na construção do bem viver e na defesa da Amazônia.” O Fundo Rotativo Solidário Ira Ruka das Abelhas Meliponas está se consolidando como uma tecnologia social enraizada no território e construída pela força coletiva da comunidade Terra Preta. Ao fortalecer o protagonismo das mulheres, estimular a autonomia econômica e promover o manejo sustentável das abelhas nativas, a iniciativa demonstra como práticas simples e colaborativas podem gerar transformações profundas. Mais do que colmeias, o fundo distribui oportunidades, reforça vínculos e reafirma o compromisso da comunidade com a preservação da Amazônia e com o bem viver coletivo.
Fonte: Jovens indígenas comunicadores (kambebas)


