Opinião/Informação:
Liguei para o meu amigo Guilherme Pessoa — médico-veterinário, servidor do MAPA/SFA-AM e um dos melhores profissionais do Ministério — para tratar de um assunto que nem era do agro. Quando atendeu, contou onde estava: exercendo suas funções no VIGIAGRO, em Itacoatiara. Aproveitei a oportunidade e pedi que, se fosse possível, me enviasse algumas imagens para mostrar aos leitores do Portal Thomaz Rural como funciona, na prática, o fluxo de milho e soja que chega do Centro-Oeste ao Amazonas.
Guilherme enviou as imagens e lembrou um ponto essencial:
“Um navio, em média, transporta entre 50 e 80 mil toneladas de soja. Os comboios que sobem e descem nossos rios movimentam praticamente a mesma quantidade — equivalente à carga de um navio inteiro. Toda essa soja (ou milho) vem do Centro-Oeste pelo corredor da Hidrovia do Madeira. Outra parte significativa segue pela Hidrovia do Tapajós — hoje a principal rota — e é escoada pelos portos de Santarém, Vila do Conde (Belém) e Santana (AP).”
Eu mesmo já estive várias vezes nesse ponto de operação em Itacoatiara. E sempre me pergunto: por que o Amazonas continua sendo apenas um intermediário dessa imensa logística de grãos? Nada contra cumprir esse papel, mas é evidente que poderíamos estar produzindo boa parte desses grãos — especialmente no sul do Amazonas, onde há áreas aptas, estudos da EMBRAPA, condições de solo e clima, além de produtores interessados.
É uma crueldade manter os produtores de carne e ovos do Amazonas dependentes de grãos distantes, caros e sujeitos a atrasos. Enquanto não afastarmos aqueles que travam o empreendedorismo sustentável no nosso estado, continuaremos crescendo pouco — e vendo a pobreza avançar.
Não proponho, como alguns desinformados gostam de distorcer, plantar milho e soja no estado inteiro. Isso é absurdo. Mas existem regiões tecnicamente aptas, com potencial produtivo real, capacidade logística e impacto ambiental controlável. Mesmo assim, tudo é travado por quem quer manter o Amazonas como um “santuário de miseráveis”, garantindo vida confortável para europeus e para as ONGs que lucram com a estagnação.
Nada contra a boa vida deles — mas o nosso povo também merece prosperar.
Esse modelo de “bioeconomia da miséria”, que na prática existe desde Cabral, só enriquece pouquíssimos. E já passou da hora de enfrentarmos essa realidade com coragem, técnica e compromisso com quem trabalha e produz no Amazonas.
Que ótimo seria se já tivéssemos o ZEE-AM, que é ignorado por ambientalistas, e que nenhum governador tem força para mudar essa triste realidade. Um dia esse jogo vira, pois ninguem aguenta a pressão de um povo desempregado, doente e com fome.
THOMAZ RURAL





