Opinião/Informação:

A primeira pergunta que faço é simples: como a sala de monitoramento do IPAAM/SEMA deixa desmatar o equivalente a 21 mil campos de futebol — ou 21 mil “Arenas da Amazônia” — e só depois disso tudo devastado vem a ação? Não é da noite pro dia que um posseiro desmata uma área dessa proporção. O satélite estava quebrado? Não havia ninguém monitorando? Quando visitei essa sala, os próprios técnicos me disseram que, entre identificar o desmatamento e chegar ao local, há demora, há burocracia, há falta de recursos. Pois bem, parece que nada mudou. No meu ponto de vista, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) precisa questionar o IPAAM e a SEMA:

Como é possível ter um sistema de monitoramento por satélite, divulgar imagens sofisticadas nas redes sociais e, mesmo assim, agir somente depois que a floresta foi ao chão?

É um contrassenso comemorar uma multa de R$ 24 milhões enquanto 21 mil campos de futebol foram devastados diante dos olhos do Estado.
Comemorar multa é inaceitável quando se deixou desmatar. O que importa é o verde em pé, não o valor da multa aplicada.

Reforço: jamais defenderei ilegalidade. Mas há coisas que simplesmente não se explicam.
Essa divulgação do IPAAM, tratando a multa como “a grande ação do ano”, mostra que o foco está invertido.
Grande ação seria agilidade no licenciamento ambiental, resposta imediata aos alertas do sistema de monitoramento, e avanço em políticas estruturantes como o CAR (Cadastro Ambiental Rural) e o ZEE (Zoneamento Ecológico-Econômico).

Essas sim são ações dignas de comemoração.
Enquanto isso, o que temos é um sistema de monitoramento que vê, registra, mas não impede — e depois aparece para tirar foto e divulgar como sucesso.

Multa não recompõe floresta. O que salva o Amazonas é gestão eficiente e presença real do Estado.

THOMAZ RURAL