Opinião/Informação:
Enquanto a COP30 acontece, o Amazonas segue com os piores indicadores sociais e econômicos do país. É impossível ignorar a contradição: a ONG Fundação Amazônia Sustentável (FAS), que já recebeu mais de R$ 500 milhões em repasses e projetos, volta a ocupar o centro das atenções com o mesmo discurso de “sustentabilidade” e “esperança” — mas com resultados questionáveis para quem vive de verdade na floresta. Essa ONG, que se opõe ao asfaltamento da BR-319 e não apoia a implementação do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) — instrumentos fundamentais para o desenvolvimento ordenado do estado —, mantém o controle da pauta ambiental no Amazonas há mais de duas décadas. Seu comandante, ex-secretário de Meio Ambiente, e o atual titular da pasta, também ligado ao mesmo grupo de ONGs, seguem com a mesma agenda: travar o desenvolvimento e o direito de ir e vir do povo amazônida, enquanto vendem a imagem de guardiões da floresta aos olhos da comunidade internacional. Agora, a “grande novidade” é um navio batizado de “Esperança”, que saiu navegando rumo a Belém queimando combustível altamente poluente — o que, ironicamente, se apresenta como uma ação ecológica. A embarcação leva “lideranças” do interior cuidadosamente selecionadas para compor o elenco desse velho teatro comandado por essa ONG. A missão é clara: voltar cheios de discurso e selfies para convencer os comunitários que ficaram nos rios e beiradões, matando carapanã a tapa, de que a “sustentabilidade” está chegando. Enquanto isso, as promessas continuam as mesmas. A FAS nunca respondeu ao pedido do Senado Federal para divulgar os nomes dos engenheiros agrônomos, florestais e de pesca que teriam recebido milhões em “assistência técnica” nas Unidades de Conservação. E a dúvida permanece: onde e com quem foi gasto esse dinheiro?
Aliás, vale lembrar: o Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) investiga o Projeto Mejuruá de crédito de carbono, ligado a lideranças da própria FAS. Fica a pergunta: será que representantes das comunidades de Carauari envolvidas nesse projeto também embarcaram nesse “navio da esperança”?
Enquanto os “escolhidos” navegam rumo à COP30, milhares de caboclos do interior continuam sem água, sem energia, sem internet, sem produção e sem dignidade. Recebem, quando muito, um Bolsa Floresta/Guardião da Floresta para quase ninguem, atrasado e insuficiente, símbolo da dependência criada por quem diz proteger, mas não liberta.
Quanto custou esse navio? O crachá é ecológico, o discurso é verde, mas o combustível queimado até Belém é poluente — e caro.
Depois de vinte anos, de meio bilhão de reais e de tantas promessas recicladas, a FAS ainda fala de “esperança”, quando o que o povo precisa mesmo é de respeito, transparência e liberdade para produzir.
Sigo fazendo a minha parte: alertando os comunitários que ficaram no interior. Quando as lideranças voltarem cheias de “esperança”, lembrem-se — essa ONG já engoliu R$ 500 milhões e duas décadas de discursos, enquanto vocês seguem na luta diária pela sobrevivência.
E para quem ainda não conhece o famoso vídeo da “assistência técnica de milhões” e a investigação do MPF-AM, segue o link. Vale a pena assistir antes de acreditar de novo nas promessas que vêm a bordo do “Esperança”.
THOMAZ RURAL








