Os avanços na pesquisa científica e aplicações dos óleos essenciais, assim como a rica biodiversidade do Brasil e o pioneirismo na produção de óleos de plantas aromáticas especialmente da Amazônia, são alguns dos destaques da programação do 12º Simpósio Brasileiro de Óleos Essenciais (SBOE) que acontece em Manaus desde terça, 14, e segue até sexta, 17 de outubro, no Centro de Convenções Vasco Vasques.
O presidente da comissão organizadora deste 12⁰ SBOE, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Francisco Célio Maia Chaves, informou que esta edição do evento conta com 110 trabalhos inscritos e mais de 287 participantes. Ao todo, estão presentes participantes de 20 estados brasileiros e três países, como Colômbia (1 trabalho), Guatemala (3) e Uruguai (2). O Amazonas lidera em número de inscritos, com 93 representantes, seguido por São Paulo com 35. Apesar do foco amazônico, apenas 55% dos trabalhos abordam espécies nativas e esse dado revela um desafio persistente que é ampliar o protagonismo das espécies nativas e perenes nas pesquisas e aplicações comerciais.
Uma das propostas do evento é discutir inovação, mercado e avanços científicos no setor de óleos essenciais em nível nacional. Conforme explica Chaves, também se busca impulsionar o desenvolvimento econômico e social através da bioeconomia, no setor de óleos essenciais unindo produtores, indústria, ciência e governo.
Segundo a química pesquisadora do Instituto Agronômico (IAC), Marcia Ortiz, que ministrou a conferência de abertura, os óleos essenciais brasileiros apresentam forte atividade biológica e olfativa, o que os torna altamente valorizados nos mercados de fragrâncias, cosméticos, agro veterinária e farmacêutica. Ortiz destaca que o Brasil é um país com muitas oportunidades na pesquisa científica e no mercado de óleos essenciais, que abrange fragrâncias, cosméticos, agro e veterinária, e que conta com produtos já registrados e um caminho promissor na bioeconomia. Ela ressaltou que o Brasil possui uma das maiores riquezas aromáticas do planeta, com destaque para espécies como o pau-rosa e o breu-branco, ambos nativos da Amazônia, e o País ocupa espaço relevante no mercado mundial de fragrâncias, com potencial de expansão. “Temos um mercado a crescer e muitas novidades para oferecer”, completou.
Para isso, um dos desafios é garantir qualidade nos processos e produtos. Nesse sentido, um dos cursos ofertados na programação foi sobre Métodos de Obtenção, Composição Química e Qualidade de Óleos Essenciais, ministrado pelo pesquisador da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Humberto Bizzo, que apresentou estratégias para produzir óleos essenciais com excelência, desde a seleção da matéria-prima até os processos de extração e armazenamento. Segundo Bizzo, o objetivo é assegurar que o produto final atenda aos padrões exigidos por cada segmento de mercado.
Entre outros desafios também se apontou que é preciso articular e fortalecer as cadeias produtivas. Para o pesquisador Edson Barcelos, da Embrapa Amazônia Ocidental, que mediou a mesa-redonda “Pau-rosa: histórico, presente, perspectivas para a espécie”, na manhã de quarta-feira, 15, onde se discutiu um pouco do que está sendo feito com essa espécie pau-rosa ( Aniba rosaeodora) em cultivos comerciais, pesquisas com silvicultura, é necessário articular formas de viabilizar esse produto. Barcelos resume que o mercado de Pau-rosa enfrenta restrições na expansão da demanda devido à falta de oferta regular e certificada de matéria-prima.”O principal problema são as burocracias para regularização, registro, licenças e emissão de documentos de venda. A solução proposta é viabilizar o aumento da produção em escala de forma sustentável, aproveitando áreas degradadas e envolvendo agricultores familiares e agroextrativistas, mas simplificando os processos burocráticos para facilitar a comercialização”, explica.
O empresário Carlos Magaldi, da usina Magaldi em Maués (AM), comenta que o principal desafio na comercialização do óleo de pau-rosa são as exigências legais impostas tanto aos vendedores quanto aos compradores. Segundo ele, essas exigências acabaram desestimulando os interessados, que passaram a optar por outros tipos de óleo mais fáceis de adquirir. A engenheira florestal Caroline Schmaedeck, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, falou sobre a silvicultura de pau rosa, focando principalmente na cadeia produtiva. Ela destacou o crescimento do cultivo da espécie no Amazonas, onde duas empresas atuam na comercialização do óleo essencial. No entanto, muitos pequenos produtores que cultivam pau rosa ainda estão fora dessa cadeia. Caroline apontou como principais desafios o mapeamento da produção e a inclusão desses produtores. Em condições favoráveis, o manejo sustentável da planta pode começar após cinco anos, com a coleta de folhas e galhos, para extração dos óleos.
A programação do 12⁰ SBOE prossegue com conferências, sessão de pôsteres, além da exposição de trabalhos de instituições e empresas com ações relacionadas aos óleos essenciais, seguindo até sexta-feira, 17, pela manhã. Serão abordadas ainda palestras sobre aspectos regulatórios, sobre agroindústria, bioinsumos, insumos agrícolas orgânicos, saúde única entre outros temas em torno dos óleos essenciais.
Parcerias– Os organizadores deste 12⁰ SBOE são a Embrapa Amazônia Ocidental, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), em parceria com o Instituto Agronômico (IAC) e as empresas Infobibos e Marupá Eventos. O 12⁰ SBOE conta com patrocínio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Secretaria de Estado de Produção Rural do Amazonas (Sepror-AM), Sistema Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB/AM, Associação Brasileira de Aromaterapia e Aromatologia (Abraroma), Centro de Bionegócios da Amazônia, e as empresas Analítica, Aura Amazônia, Buchi, Doctor Cunha, Inatu Amazônia, Natura. Conta com apoio institucional da Associação Brasileira das Industrias de Óleos Essenciais, Produtos Químicos Aromáticos, Fragâncias, Aromas e Afins (Abifra) e Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos.
Síglia Souza e Maria JoséTupinambá (Mtb 66/AM e DRT/AM114)
Embrapa Amazônia Ocidental
Contatos para a imprensa
[email protected]


