Opinião/Informação:
Enquanto o Brasil luta para baixar o preço dos alimentos, o milho do estoque público no Amazonas figura entre os mais caros do país. De acordo com relatório da Conab (período 1º a 15 de outubro de 2025), o cereal armazenado em Manaus está sendo disponibilizado a R$ 71,00 a saca de 50 kg, valor superior ao de quase todos os outros estados, perdendo apenas para Roraima, onde chega a R$ 78,00.
Ou seja, o Amazonas, que produz pouquíssimo grão por causa dos entraves ambientais e fundiários, paga o preço da dependência. Aqui, não se pode plantar, mas se pode pagar caro. O milho que chega vem de fora, encarecido pelo transporte fluvial e pelos obstáculos impostos à produção interna.
É paradoxal que o estado com terras férteis e vasta área agricultável mantenha seus produtores engessados em nome de um ambientalismo burocrático. Enquanto isso, o pequeno produtor que cria galinha, porco ou peixe tem de enfrentar o preço altíssimo da ração, e o consumidor paga mais caro pelo alimento na ponta.
O governo federal e estadual precisam responder: até quando o Amazonas vai continuar sendo o estado do “não pode”? Não pode plantar, não pode criar, não pode produzir — mas pode importar milho caro e posar de exemplo de sustentabilidade.
O preço do milho público revela o absurdo de uma política que esquece o produtor e penaliza o consumidor. O Ministério Público e o MPF deveriam olhar para isso com a mesma atenção que dão a temas ambientais. Afinal, a fome também é uma agressão à natureza humana.





