Opinião/Informação:
À senhora Janja, Primeira-Dama do Brasil:
Esse povo não aguenta mais ser enrolado. Não aguenta mais ouvir discursos com verbos sempre no futuro: “será feito”, “vamos providenciar”, “está previsto”. O povo quer presente, não promessa.
Não vou jogar nas suas costas a omissão dos governos anteriores — Lula 1 e 2, Dilma 1 e 2. Mas a realidade é que o tempo passou e os problemas continuam. Vi que a senhora esteve no Tumbira, comunidade que, pela proximidade de Manaus, quase se confunde com um bairro da capital. É sempre para lá que levam visitantes ilustres. Mas pergunto: e as comunidades mais distantes, que não têm a mesma vitrine?
Certamente a senhora recebeu muitas demandas no Tumbira. Agora, imagine multiplicar essas demandas por cem nas regiões isoladas, onde o acesso levam dias de viagem.
A senhora deve ter notado a presença de pessoas com camisas verdes, com as três letras “FAS” — a Fundação Amazônia Sustentável. O próprio titular da ONG esteve ao seu lado. Pois bem: só essa ONG recebeu, nos últimos 14 anos, aproximadamente meio bilhão de reais que poderia “fazer a diferença” no Amazonas. Pergunte o que foi feito com essa fortuna. Pergunte quem foram os técnicos (agronomos, engenheiro florestal e de pesca) que prestaram a chamada “assistência técnica” milionária nas Unidades de Conservação.
E mais: será que alguém lhe contou que nenhum centavo do REDD+ caiu no bolso das famílias que preservam a floresta para a senhora, para mim, para o mundo — e até para o seu amigo francês, o presidente Macron?
Foi colocado em pauta o crédito de carbono? Se foi, espero que tenham lhe explicado o que já vem sendo investigado no Projeto Mejuruá, em Carauari, pelo Ministério Público Federal no Amazonas (MPF-AM).
A senhora perguntou por que o Amazonas até hoje não tem Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE)? Perguntou por que ainda não asfaltaram a BR-319, mantendo o estado isolado do resto do país?
Reconheço em suas falas uma postura firme, de confronto, como quando respondeu ao Elon Musk. Pois use essa mesma coragem para confrontar as ONGs que, em nome da “sustentabilidade”, condenam nosso povo ao isolamento e à miséria. Se não fizer, é porque faz parte da militância que esquece o ser humano, apenas os usa.
Leia a Memória de Reunião do MPF-AM, que trouxe denúncias graves feitas por lideranças comunitárias das Unidades de Conservação contra a atuação de ONGs. Pergunte o valor da miséria que se paga a título de Bolsa Floresta ou Guardião da Floresta.
E mais: na próxima visita, não vá de iate. Vá como o povo vai: em barcos de linha, em voadeiras, no calor e na chuva, enfrentando dias de viagem. Vá mais fundo. Vá até os Yanomami, que seguem em situação de calamidade, enquanto o governo Lula 3 já caminha para o fim sem entregar mudanças concretas.
Por fim, cobre do BNDES uma prestação de contas detalhada das ONGs que receberam bilhões em nome da Amazônia. Compare esses números com o que a senhora viu nas comunidades. A diferença é brutal.
O povo do Amazonas não aguenta mais sustentar ONGs ambientalistas, servir de vitrine internacional e continuar vivendo na pobreza. É hora de virar a chave.
THOMAZ RURAL


