Opinião/Informação:
A foto é forte: um carro engolido pelas chamas em Méda, no centro de Portugal. Incêndios também atingem a Galícia, na Espanha. A Folha de S.Paulo descreve o episódio como consequência das altas temperaturas, destacando que a causa está relacionada ao calor extremo do verão europeu.
Agora, imagine se essa foto fosse registrada no Amazonas. Seria manchete em toda a mídia internacional. ONGs ambientalistas correriam para denunciar “o avanço do desmatamento”, organizações estrangeiras acusariam o Brasil de negligência, e os mapas do país estariam tingidos de vermelho, como se toda a floresta estivesse em chamas. Já vimos isso antes: matérias ilustradas com mapas distorcidos, até do Pará, generalizando como se todo o bioma amazônico fosse reduzido a cinzas.
Não desejo esse cenário em nenhum lugar do mundo — nem na Amazônia, nem em Portugal, nem na Espanha. Mas o fato é que, quando acontece na Europa, a explicação oficial é “ondas de calor”, “mudança climática”, “fenômeno global”. Quando é aqui, o rótulo imediato é “crime ambiental” e “desmatamento ilegal”. Dois pesos e duas medidas.
Se for mesmo o tal do aquecimento global, como apontam, a responsabilidade é dos grandes países poluidores, que seguem queimando carvão, petróleo e gás natural em larga escala. Não é o Brasil, que mantém a maior floresta tropical do mundo em pé e cuja emissão de gases está longe de se comparar com as potências industriais. Aliás, muitos desses países que mais poluem nem sequer aparecem na COP (Conferência das Partes sobre o Clima), ou participam sem cumprir as metas que eles mesmos assinam.
É preciso ter clareza: defender o Amazonas não pode ser aceitar essa hipocrisia. Nosso compromisso é preservar, sim, mas também exigir respeito. O Brasil não pode ser sempre o vilão da narrativa ambientalista, enquanto outros queimam e poluem à vontade sem o mesmo julgamento.
THOMAZ RURAL



