Opinião/Informação:
Esta já é a segunda vez que abordo esse tema, que considero de extrema gravidade. A lógica por trás de determinadas operações de repressão a atividades ilegais no interior da Amazônia simplesmente não se sustenta quando se analisa a realidade socioeconômica da região. Em comunidades isoladas, marcadas pela pobreza e pela ausência de oportunidades de trabalho, a criminalização indiscriminada atinge, sobretudo, os mais vulneráveis.
Infelizmente, o que se costuma chamar de “emprego” no interior amazônico é, em muitos casos, a participação forçada em atividades ilegais, como o garimpo, o tráfico de drogas e a prostituição. Quando as autoridades realizam operações nessas áreas e incineram bens que poderiam ser reaproveitados pelas comunidades locais — como embarcações, motores, mantimentos e equipamentos —, estão penalizando justamente quem tem menos culpa nesse sistema: os ribeirinhos.
Esses moradores, muitas vezes cooptados pela falta de alternativas, acabam sendo as maiores vítimas das ações punitivas. Prender os verdadeiros responsáveis — os financiadores e articuladores do crime — é legítimo e necessário. No entanto, destruir recursos que poderiam ser redirecionados para melhorar a qualidade de vida dessas populações é um ato desumano e contraproducente.
Além disso, a situação se agrava porque atividades econômicas sustentáveis e legais na região têm sido sistematicamente travadas por pressões de ONGs ambientalistas que, em muitos casos, representam interesses de países ricos — os verdadeiros responsáveis pela maior parte da poluição global. Essa contradição precisa ser denunciada.
Enquanto isso, sigo fazendo minha parte, cobrando coerência nas ações estatais e defendendo a dignidade dos que vivem na floresta. A preservação ambiental é essencial, mas ela deve caminhar junto com justiça social e oportunidades reais para quem habita a Amazônia.
THOMAZ RURAL



