Opinião/Informação:
Por Thomaz Rural
Em 2018, acompanhei de perto a transição de governo – depois de Eduardo, Omar e Melo – quando Wilson Lima assumiu as rédeas de um Amazonas com metade do povo na pobreza, herança dos mandatos dos então ex-governadores, hoje senadores. O cenário que se descortinava era de um caos avassalador. Nada tenho contra o legítimo sonho de Omar Aziz e Eduardo Braga de retornarem ao poder, seja ao governo, seja ao Senado. É um direito democrático, como o de qualquer cidadão. Minha discordância reside na expressão “DE NOVO” que estampa o atual slogan de uma dessas pré-candidaturas. Respeito o “AMAZONAS FORTE”, mas o “DE NOVO” soa como uma piada de mau gosto diante da dura verdade que presenciei em 2018. Metade do nosso estado assolado pela fome, dados oficiais do IBGE daquele ano que não podem ser ignorados. Se o “DE NOVO” significar reviver aquele pesadelo, podem ter certeza que o Amazonas ficará um estado difícil de se viver. Omar e Eduardo cederam aos cantos de sereia de ONGs e “ongueiros” que, em minha visão, travaram e travam o desenvolvimento do Amazonas, empobrecendo tanto o interior quanto a capital. Na CPI das ONGs, conduzida no Senado por Plínio Valério, curiosamente, nenhum representante deles apareceu para defender a ONG FAS. Qual o motivo desse silêncio ensurdecedor? Ainda existem laços? Afinal, o titular da SEMA no governo Eduardo deixou a secretaria para assumir essa ONG até hoje. É triste constatar e não visualizar mudança que, na questão ambiental, a gestão de Wilson Lima persistiu no erro de ouvir as mesmas ONGs – uma delas, gestada no governo de Eduardo. O resultado? A situação só se deteriorou. Continuamos a assistir à fuga de empreendedores para outros estados, o ZEE permanece uma miragem, o acesso ao financiamento é o pior do país, o licenciamento ambiental continua um labirinto burocrático, e regiões inteiras sucumbem ao domínio do tráfico de drogas, privadas de internet, água, energia, produção de alimentos e, sobretudo, dignidade. Portanto, insisto: retirem o “DE NOVO” do slogan de Omar. Em 2018, tudo estava um caos. Essa repetição do passado não ajudará a reocupar a “Compensa” eleitoral. As urnas já emitiram um alerta recente, ou será que a leitura foi equivocada? Ou será que os valores das emendas parlamentares resolvem tudo? No setor primário, que conheço de perto, não quero “DE NOVO” amargar seis anos sem Parque de Exposição e sem a vital EXPOAGRO. Não quero “DE NOVO” ver a adesão ao Garantia Safra minguar. Não quero “DE NOVO” esperar por cinco longos anos para receber a subvenção de míseros centavos. Na logística, gargalo que asfixia o agronegócio, o comércio e a indústria, não quero “DE NOVO” patinar na lama e na poeira da BR-319. Não quero “DE NOVO” ver obras faraônicas erguidas em locais inadequados – uma ponte no lugar errado e uma arena sem jogos de futebol. Reconheço avanços na gestão de Wilson Lima nesses pontos citados acima, mas a persistência nos equívocos na ADS e na SEMA, ecoando os erros do passado, é preocupante. A AFEAM vive um comodismo, sem a garra necessária para destravar o financiamento rural, setor que alimenta. O titular da SEMA parece alheio às bem-sucedidas experiências de estados vizinhos, sequer visitando a agência de fomento, a AFEAM. No Sistema SEPROR, as indicações parlamentares continuam a privilegiar quem desconhece a realidade do agro nas vinculadas, ignorando a voz de quem realmente entende, perpetuando o uso político nas unidades locais do IDAM e, consequentemente, o desgaste da pasta e do governador. Essa interferência política excessiva e errada levou o IDAM ao caos em recente passado, onde o governador teve que se explicar no processo eleitoral. Por fim, reafirmo: não me iludem, continuam querendo me enganar. A movimentação política muito antecipada que observamos escancara a busca por espaços de poder e imunidade. Não temos acesso a 1% do que se articula nos bastidores, mas a presença do prefeito da capital e dos prefeitos do interior em certos eventos tem uma inegável ligação com as emendas parlamentares.
O que levaria David Almeida a abrir mão da confortável situação de controlar o estado e a capital para se lançar ao governo? Se eu fosse Tadeu Souza, cujo compromisso declarado é com David, a candidatura ao governo seria o caminho natural. O que faria Wilson Lima permanecer no governo sem disputar a reeleição? Não cairia nessa armadilha de “promessa futura”, a não ser que essa “promessa” se concretize antes.
É legítimo que Omar lute pelo governo e pela imunidade. É igualmente legítimo que Eduardo almeje o Senado pelo poder e imunidade. Nesse contexto, é também legítimo que Wilson busque um mandato e a respectiva imunidade.
Entretanto, a tradição política do Amazonas, quando se trata da disputa pelas duas vagas no Senado, votando em dois nomes, aponta para a vitória de um representante da situação e outro da oposição. No contexto atual, o senador Plínio Valério desponta como a figura mais representativa da oposição. Sua atuação no Senado, marcada por um discurso crítico e independente, o credencia como um forte candidato a manter essa posição. O Wilson Lima, com a proximidade do que chamam de “direita”, e com o apoio do Tadeu de Souza e Renato, abre um leque de grandes possibilidades para a ocupação da outra vaga no Senado. Por outro lado, Eduardo Braga, surge como um competidor relevante nesse xadrez eleitoral, mas ao lado do PT enfraquece. Será que vai se distanciar? Sua presença no Senado, em um contexto de oposição ao governo federal, já que o PT, que ele apoia, não ganhará em 2026, poderia ser crucial para defender os interesses do Amazonas. Em síntese, duas vagas para três candidatos. No senado, não tem lugar para um quarto pretendente.
Os mapas abaixo, que já retratavam a gravidade dos índices sociais no Amazonas em 2018, quando Wilson assumiu, são um lembrete constante do passado que não podemos repetir. Por isso, reitero com veemência: nasci aqui, moro aqui, então, não quero o “DE NOVO” no slogan e nas atitudes de Omar Aziz em futuro governo.
THOMAZ RURAL














Um comentário sobre “Esse “DE NOVO” do slogan é brincar com a vida dos 50% que passavam fome em 2018…”
Como já disse anteriormente, o trio de raposas querendo voltar ao galinheiro, infelizmente!