Brilhante artigo Aldenor! Desde 2003, nenhum governador teve coragem de fazer diferente para o bem do nosso povo…

Opinião/Informação:

Tudo de trava que está embutido nas entrelinhas do artigo de Aldenor Ferreira teve o aval dos ex-governadores Eduardo Braga, Omar Aziz, José Melo e, agora, Wilson Lima. Tirei o David dessa lista porque ficou pouco tempo. Desses, apenas Wilson ainda tem a oportunidade de fazer diferente. Basta que sua assessoria direta, aqueles que ele realmente ouve, analise atentamente as palavras do autor deste artigo e de tantos outros. Aliás, esses assessores têm a obrigação de dizer a verdade ao governador, se não quiserem criar problemas para ele em 2026. Afinal, os assessores certamente estarão bem depois dessa eleição, mas e o Wilson? Agir agora não é apenas necessário, é urgente. O Amazonas precisa de uma mudança imediata na área ambiental. Existem doutores altamente qualificados na UFAM, UEA e até mesmo na própria secretaria, prontos para contribuir com competência. Chega de gol contra!

Não discordo de absolutamente nada do que Aldenor escreveu. Apenas acrescentaria que, na minha opinião, quem financia biólogos e a narrativa ambientalista na mídia são ONGs com muito dinheiro, cujo objetivo parece ser apenas nos manter pobres, doentes e isolados.

Peço aos leitores do THOMAZ RURAL que reflitam sobre algumas frases do artigo, como esta:

“…Desde a criação de Parques Nacionais e demais Unidades de Conservação, as populações tradicionais são quase sempre desconsideradas e têm seus direitos ancestrais e culturais violados…”

E mais esta:

“…É exatamente esse comportamento que temos visto no Amazonas em relação à recuperação do asfalto da BR-319: autoritarismo científico, impaciência, má-fé e preconceito ou, como já escreveu Lúcio Carril, terrorismo ambiental. Os biólogos estão no controle das discussões, apresentando suas verdades absolutas a partir de pesquisas cujo financiamento não se sabe ao certo de onde vem e por quais interesses…”

O momento de agir é agora. O futuro do Amazonas não pode continuar refém de interesses que não representam seu povo.
Abaixo, link do BNC

THOMAZ RURAL

https://bncamazonas.com.br/a-br-319-e-o-ambientalismo-anti-humano

 Por Aldenor Ferreira*

O texto do historiador indiano Ramachandra Guha, intitulado “O biólogo autoritário e a arrogância do anti-humanismo”, traz importantes reflexões. Elas ajudam a entender a cruzada de certos biólogos contrários à recuperação do asfalto da BR-319. 

Nesse texto, Guha critica a visão conservacionista que defende e, de certa forma, até exige, de forma autoritária, que a natureza seja protegida a qualquer custo, mesmo que isso implique no deslocamento ou exclusão de comunidades de povos tradicionais que dependem, por exemplo, das florestas e dos rios para garantir a sua sobrevivência material e simbólica. 

O texto de Guha se tornou um clássico. Nele, o autor indiano defende que os projetos conservacionistas sejam mais justos e inclusivos, que valorizem os conhecimentos tradicionais locais e que levem em consideração as singularidades e especificidades edafoclimáticas dos países para a construção de modelos de conservação endógenos, em vez de mimetismo dos projetos que, no limite, acabam impondo modelos excludentes e desumanos. 

Conservação anti-humana 

A conservação defendida principalmente por biólogos da conservação é anti-humana. Isso se dá porque, além de não incluir as pessoas nos projetos, ainda as torna inimigas do meio ambiente. Sobre a posição conservacionista em relação às florestas, Guha afirma: 

“[…] o inimigo do meio ambiente é o caçador e o camponês que vive na floresta e é incapaz de enxergar seu próprio bem, e o nosso. Esse pensamento (ou preconceito) fundamentou inúmeros projetos de conservação ao redor do mundo visando o estabelecimento de áreas protegidas, expulsando seus habitantes, com pouco respeito ao seu passado e futuro, em nome da herança global da diversidade biológica”.

A análise de Guha se baseia na realidade vivida em seu país, a Índia. Mas ele aponta que essa realidade é vivenciada em todos os países do chamado Terceiro Mundo. De fato, ele tem razão. O Brasil já viveu e continua a viver essa dura realidade. Desde a criação de Parques Nacionais e demais Unidades de Conservação, as populações tradicionais são quase sempre desconsideradas e, também, têm seus direitos ancestrais e culturais violados. 

Na verdade, trata-se do desperdício da experiência. Os povos tradicionais possuem vasto conhecimento dos ecossistemas em que vivem. A incorporação desses saberes seria muito mais benéfica a qualquer projeto de conservação do que a sua exclusão. 

lém disso, já há comprovação científica no âmbito da arqueologia e da paleobotânica de intervenções humanas na constituição de paisagens. A Floresta Amazônica, por exemplo, não é apenas uma obra da natureza. Ela é também, comprovadamente, fruto de ações humanas. 

BR-319: impaciência e preconceito 

Conforme o próprio título do texto deixa claro, Guha critica o biólogo autoritário. Para ele, a postura de alguns biólogos que, imbuídos de uma visão cientificista e elitista, desvalorizam o conhecimento tradicional e impõem suas próprias visões sobre a natureza. Nas suas palavras: “Os biólogos da conservação demonstram marcante impaciência em relação aos agricultores e habitantes das florestas, considerados obstáculos ao livre progresso do conhecimento científico”.

É exatamente esse comportamento que temos visto no Amazonas em relação à recuperação do asfalto da BR-319: autoritarismo científico, impaciência, má-fé e preconceito ou, como já escreveu Lúcio Carril, terrorismo ambiental. Os biólogos estão no controle das discussões, apresentando suas verdades absolutas a partir de pesquisas cujo financiamento não se sabe ao certo de onde vem e por quais interesses.

Nesse âmbito, há uma enorme assimetria nos estudos acerca das questões ambiental, social e econômica relacionadas à BR-319. Enquanto biólogos e afins possuem financiamentos e canais abertos para a divulgação de seus resultados de pesquisa, cientistas sociais, historiadores, geógrafos, economistas e afins não possuem nenhum.   

Conclusão

Concluo afirmando que, no tema da recuperação do asfalto da BR-319 – e eu chamo de recuperação porque a rodovia funcionou plenamente com asfalto por muitos anos –, é preciso que a interdisciplinaridade e a transversalidade sejam os elementos norteadores dos estudos e das análises. Nesse processo, não deve haver “autoridades” constituídas atuando como definidoras das ações. 

Além disso, não é possível a exclusão do humano desse processo. Afinal, são dezenas de comunidades que dependem da rodovia para produzir a sua subsistência. São centenas de caminhoneiros que cruzam a estrada todos os dias e, por fim, serão as populações inteiras do Amazonas, de Rondônia e de Roraima que se beneficiarão do projeto de revitalização da rodovia. 

O poder público não pode tomar suas decisões baseadas apenas nas análises biológicas e ecológicas acerca do empreendimento. Essas, apesar de serem importantes, tendem sempre a excluir os humanos do processo, a ignorar realidades diferentes presentes em nosso país e a desconsiderar o conhecimento e a relação das comunidades locais com os ecossistemas que as cercam.

Para uma região biossocialmente complexa como a Amazônia, é preciso a construção de um modelo econômico que alie desenvolvimento e conservação. Ou seja, é preciso a criação de um ecodesenvolvimento e de uma etnoconservação. Para isso, necessita-se de infraestrutura adequada. Noutras palavras, não existirá conservação de fato se as pessoas não tiverem acesso à energia elétrica, à água potável, a redes de esgoto, rodovias seguras, portos, aeroportos, sistema de telefonia, acesso à educação e à saúde. 

Isolamento e conservação

O isolamento não garante a conservação, visto que o crime organizado não se importa com a ausência de infraestruturas. Aliás, os crimes ambientais são facilitados quando a infraestrutura e a presença do Estado são diminutas. Um bom exemplo disso é a própria Amazônia e seus garimpos ilegais, as grilagens de terras, o tráfico internacional de drogas, a exploração ilegal de madeiras etc. 

Portanto, é preciso que haja a compreensão de que a natureza, nisto insisto, sem a presença do humano e das infraestruturas necessárias para que haja qualidade de vida, será apenas um espaço desprovido de perspectiva teleológica, será apenas um espaço anti-humano. 

*Sociólogo

Arte: GilmalO conteúdo deste artigo é de inteira responsabilidade de seu autor. Não necessariamente reflete a opinião do BNC Amazonas

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