Opinião/Informação:
Recentemente, foi decretada a criação de uma área de 16 mil hectares, equivalente a 21 mil campos de futebol, destinada à preservação do sauim-de-coleira, um primata amazônico ameaçado de extinção. A área abrange regiões dos municípios de Rio Preto da Eva e Itacoatiara, no estado do Amazonas. Embora a conservação ambiental seja essencial, a medida gerou insatisfação em parte da população local, especialmente entre aqueles que vivem na área afetada e não foram devidamente ouvidos durante o processo de decisão. Alegam que o “teatro de consulta pública” realizado foi insuficiente para atender aos anseios e preocupações das comunidades envolvidas.
A crítica central reside no aparente desequilíbrio entre a prioridade dada à preservação ambiental e as necessidades humanas. Enquanto o sauim-de-coleira recebe uma extensa área para sua sobrevivência, milhares de famílias brasileiras continuam sem acesso a moradia digna, sendo empurradas para áreas de risco, como encostas, margens de rios e periferias precárias, expostas a deslizamentos, enchentes e outras tragédias. Essa situação é agravada pela corrupção e má gestão dos recursos públicos, que deveriam garantir o direito à moradia previsto no Artigo 6º da Constituição Federal.
É preciso encontrar um equilíbrio entre a conservação ambiental e a garantia de direitos básicos à população. A criação de áreas de preservação deve ser acompanhada de políticas públicas que ofereçam alternativas viáveis para as famílias impactadas, como reassentamento em áreas seguras e programas de geração de emprego e renda. Somente assim será possível promover um desenvolvimento sustentável que respeite tanto o meio ambiente quanto os direitos humanos.
THOMAZ RURAL