Opinião/Informação:

O ideal seria que os três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário –, juntamente com os órgãos de controle (estaduais e federais), questionassem o Banco do Brasil sobre quantos agricultores familiares no Amazonas tiveram acesso a esses recursos. Com essa resposta em mãos, não tenho dúvidas de que compreenderão as razões para o aumento da fome e da violência em nosso Estado. Entenderão por que o narcotráfico tem encontrado espaço para empregar pessoas em nosso território. Compreenderão o motivo pelo qual somos dependentes da importação de alimentos básicos.

O tiroteio ocorrido hoje no Manauara Shopping reflete o caos econômico que se agrava em nosso Estado desde 2003, afetando todas as classes e esferas de poder. Todos nos tornamos vítimas da violência, cuja raiz, em grande parte, está na pobreza e na falta de emprego para sustentar as famílias.

Não adianta o Executivo, o Legislativo, o Judiciário e os órgãos de controle ignorarem as razões pelas quais o Amazonas não tem acessado esses bilhões. É essencial que o Banco do Brasil informe quantos agricultores familiares no Amazonas foram beneficiados com financiamentos rurais. Adianto que é um ABSURDO, percentual próximo de ZERO.

A propósito, segue uma nota do Canal Rural sobre o desempenho do Banco do Brasil na safra 2024/25:

“O Banco do Brasil (BB) atingiu a marca de R$ 115,2 bilhões em financiamentos na safra 2024/25, em 335 mil operações contratadas até novembro. Desses, 70% foram destinados a agricultores familiares e médios produtores, reafirmando a posição do banco como principal parceiro do agronegócio brasileiro. Os recursos foram aplicados em linhas de crédito para custeio, investimento, comercialização, industrialização, títulos do agronegócio, como CPRs, e financiamentos para a cadeia produtiva, incluindo capital de giro e exportações.”

Isso torna ainda mais urgente garantir que o crédito rural alcance os pequenos, médios e grandes produtores rurais do Amazonas, para que possam produzir alimentos e gerar renda. Não basta investir em segurança, instalar cercas elétricas ou câmeras em nossas casas. Todos frequentamos locais públicos, onde estamos vulneráveis, como demonstrado no episódio do Manauara.

É necessário agir. Usem o poder que possuem para reverter essa situação. Se bilhões já são destinados a agricultores familiares de outros estados, por que nossos agricultores familiares – que também fazem parte do agronegócio brasileiro – não estão sendo beneficiados?

Essa questão é tão urgente quanto os incentivos concedidos ao PIM/ZFM, e deveria receber a mesma atenção do Legislativo.

É hora de mudar essa realidade. É urgente!

THOMAZ RURAL