Opinião/Informação:
Tenho defendido há muito tempo a importância de criar uma estrutura pública para o beneficiamento de produtos regionais, destinada a apoiar produtores e grupos formais, como associações, cooperativas e colônias. Não se trata de esperar pela prometida transformação do “futuro das ONGs”, que nunca se concretiza, nem de alimentar o desperdício de recursos financeiros que muitas dessas organizações têm praticado há décadas. Os dirigentes de cooperativas sabem bem do que estou falando, pois essa demanda já é antiga e ainda carece de um incentivo sólido.
No início da gestão de Wilson Lima, junto com Petrucio, propusemos reaproveitar uma estrutura pública criada por gestões anteriores na outra margem do rio – um projeto que acabou se tornando um desperdício de dinheiro público e que infelizmente não resultou em benefícios concretos. Infelizmente, a ideia não avançou, mas a necessidade persiste. Hoje, porém, percebo que não precisamos de uma estrutura tão grande quanto aquela abandonada em Iranduba. Podemos pensar em algo mais enxuto, funcional e adequado à realidade local.
A questão é urgente: ainda há pouco, ao fazer compras, deparei-me novamente com frutas cristalizadas e sementes que poderiam muito bem ser produzidas aqui, aproveitando nossa produção regional. Em postagens anteriores neste blog, já mencionei que a EMBRAPA possui tecnologia para esse tipo de processamento, inclusive com materiais impressos detalhando essas soluções. A EMBRAPA já desenvolveu processos que permitem o aproveitamento de frutas e sementes para a produção de itens como frutas cristalizadas e doces. Essas tecnologias permitem que transformemos excedentes de produtos – como banana, mamão e sementes de abóbora – em itens processados, com maior vida útil e valor agregado.
É uma questão de repensar a gestão do excesso de produção, que muitas vezes acaba sem mercado e se perde, uma pena, pois as compras públicas ainda estão distantes da realidade de muitos produtores. A ADS, uma das operadoras da compras públicas, com destaque ao PREME, com outras prioridades, o que é muito triste, principalmente para mim que disse ao governador Wilson Lima (em 2018) o que deveria ser feito na ADS. Aliás, também disse em reuniões com todos os atores do Sistema SEPROR nos três primeiros meses de governo, tempo que fiquei por lá. Com o beneficiamento, ganhamos em tempo de prateleira e abrimos novos mercados para os produtos regionais. Observem os preços dos produtos que compartilho aqui: investir em beneficiamento pode trazer um retorno expressivo e uma nova perspectiva para a economia local.
Um exemplo é a publicação “Cristalização de Frutas,” da Embrapa Amazônia Oriental, que descreve métodos para o preparo artesanal, com orientações sobre seleção de frutas, processos de higienização e técnicas de cristalização utilizando açúcar, o que prolonga a vida útil e valoriza os produtos regionais.
Para mais informações, o material pode ser acessado diretamente na página da Embrapa em: Cristalização de Frutas – EMBRAPA
Além disso, a EMBRAPA disponibiliza outras publicações voltadas à agroindústria e ao processamento de frutas tropicais, que podem ser úteis para cooperativas e pequenos produtores interessados em diversificar seus produtos e agregar valor ao excedente agrícola local.
THOMAZ RURAL