“Chegou a safra dos pimentões coloridos no Amazonas” – JC

Crédito: Evaldo Ferreira

Há muito conhecemos os pimentões verdes, vendidos nas feiras de Manaus, excelentes em molhos, ensopados, saladas e onde mais o gosto permitir, mas chamam a atenção os pimentões amarelos e vermelhos, encontrados principalmente em supermercados e vindos de outros estados, porém, desde 2014 o empreendedor Roosevelt Andrade abastece parte da demanda de pimentões da cidade com uma plantação que desenvolve num sítio na AM 010 (Manaus/Itacoatiara).

“Todos os pimentões são verdes, enquanto não estão plenamente maduros, sendo o amarelo e o vermelho, variedades distintas”, explicou.

Roosevelt é um visionário na área da agricultura. Nascido em Florianópolis, esteve em Manaus pela primeira vez, em 1997, quando era militar. Voltou, em definitivo, já fora do Exército, em 2001, interessado em investir na agricultura, o que aconteceu no ano seguinte.

“Queria plantar legumes e verduras vendidos em Manaus, mas que vinham de outros estados. Comecei com berinjela, pepino japonês, couve-flor, brócolis, jiló, abobrinha italiana, rabanete e couve de Bruxelas”, contou.

Roosevelt conseguiu ir adiante com sua ousadia por dez anos, mas depois viu que era mais negócio investir nos legumes e verduras da região, passando a comprá-los e distribuí-los nas redes atacadistas. Tem sido assim com o jerimum, macaxeira, pimentas, maxixe, goma, farinha de tapioca, e camarões, estes três últimos vindos de outros estados.

Cada cor, várias qualidades

Há cinco anos o agricultor visionário baixou novamente e Roosevelt resolveu plantar pimentões, indo além dos verdes.

Pelo fato de o pimentão verde ser colhido ainda sem estar maduro, portanto, mais cedo, ele passa a ser produzido em maior escala, barateando seu custo. Já o amarelo e o vermelho levam algum tempo para amadurecer, por isso acabam exigindo mais tempo e cuidados contra pragas e demais fatores que possam prejudicar a colheita, deixando-o mais caro.

“Atualmente mantenho oito estufas no meu sítio, mas pretendo ampliar. É uma agricultura complicada e cara, que precisa de adubação correta e muitos cuidados. Recentemente uma ventania derrubou todas as estufas e arrancou praticamente todos os pés de pimentão. Imagine o prejuízo”, lembrou.

O tempo de maturação do pimentão é de 90 dias. Até os 70 dias ele ainda está completamente verde, começando a ganhar cores nos 20 dias seguintes.

As cores dos pimentões são bonitas e atraentes, tanto quanto o sabor, mas cada tipo possui características próprias que combinam melhor com certos tipos de prato.

O pimentão verde apresenta um gosto mais forte, marcante e ‘azedinho’, diferentemente dos outros tipos que, por serem maduros, possuem um gosto mais suave e levemente adocicado. Também o verde é o que possui menos calorias, ideal para quem quer uma alimentação mais leve e balanceada. Ao ser colhido ainda verde, o pimentão tem um sabor intenso e ácido que pode provocar, em algumas pessoas, certo incômodo durante a digestão.

“De 15 em 15 dias cada estufa produz 400 kg de pimentão, aí eu decido em qual estufa eu vou deixar os verdes, bem como os que vão permanecer mais algum tempo até ficarem amarelos ou vermelhos”, esclareceu.

Todos os pimentões são ricos em fibras e antioxidantes, além de serem ótimas fontes de nutrientes como cálcio, fósforo e ferro, alguns possuindo as substâncias em maior ou menor quantidade. O verde, por exemplo, é rico em vitamina C, enquanto o amarelo e o vermelho possuem maior quantidade de vitamina A. O vermelho possui grande quantidade de antioxidantes, como o beta-caroteno, combatendo radicais livres e sendo um aliado contra o câncer.

Agora Roosevelt investe na plantação do tomate cereja, esta frutinha que está fazendo muito sucesso em Manaus e será assunto de uma próxima matéria.

Perdas elevadas

De acordo com a HF Brasil, os principais estados produtores de pimentão no Brasil são Minas Gerais, São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Pernambuco (87% do total). É possível produzir pimentão o ano todo, mas ele se desenvolve melhor em clima seco e ameno, com irrigação. O solo deve apresentar boa drenagem, pois, quando encharcado, pode resultar em apodrecimento das raízes. Esta hortaliça pode ser produzida em campo aberto ou em estufas, e cada um desses locais exige tratos culturais específicos, geralmente necessitando de elevada quantidade de mão de obra.

A rentabilidade, por sua vez, costuma ser positiva, mas varia muito. Apesar dos preços relativamente altos, o custo de produção também é elevado, exigindo boa gestão da produção, visto que a demanda é bastante impactada pelos preços praticados no mercado.

A falta de agroquímicos registrados é o principal desafio para esta cultura. Em muitos casos, irregularidades quanto ao teor de resíduos ocorrem devido à ausência de produtos registrados no Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), e não necessariamente do mau uso de agroquímicos. Além disso, a falta de mão de obra disponível é um limitante, bem como o pequeno número de pesquisas a respeito da cultura. Por ser uma hortaliça com vida pós-colheita reduzida, as perdas são bastante elevadas.

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